Processo evolutivo do mosquito da dengue está cada vez mais rápido
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) participou de um estudo de 14 meses sobre o Aedes aegypti, mais conhecido como mosquito da dengue, com resultados que foram recém-publicados na revista PLoS One - uma revista científica de acesso livre disponível apenas online.
O estudo, de um grupo de pesquisadores do Instituto Butantã, ajuda a entender de onde vem esse potencial de adaptação ao ambiente hostil das grandes cidades tão superior ao de outras espécies de mosquito.
Na avaliação dos pesuisadores, a melhor forma de controlar o mosquito, capaz de transmitir doenças como dengue, febre amarela, febre chikungunya e zika, é a adoção de medidas combinadas, como a eliminação de criadouros e a rotação de inseticidas, para que não ocorra a seleção de indivíduos resistentes.
O cenário é preocupante e todas as pessoas têm uma parcela de responsabilidade. A população precisa fazer a sua parte.
Confira os resultados da nova pesquisa:
- Além de resistência a alguns inseticidas, a espécie vem adquirindo novos hábitos: a habilidade de se reproduzir em volumes cada vez menores de água - que nem precisa estar tão limpa quanto no passado. Os insetos, que antes só picavam durante o dia, passaram a atacar também à noite, bastando apenas alguma luz artificial a revelar o caminho até a vítima.
- A pesquisa também reforçou a necessidade de combater o mosquito o ano inteiro, não apenas no verão. Acreditava-se que no inverno a variabilidade seria menor, pois com o frio a reprodução do inseto se torna mais lenta. De fato a taxa reprodutiva é menor nos meses de inverno, mas a variabilidade genética se manteve alta em todos os meses avaliados.
- Ao comparar o resultado das análises feitas durante o projeto (com duração de 14 meses) com dados da literatura científica, uma das pesquisadoras também concluiu que a dinâmica evolutiva do Aedes aegypti em São Paulo é mais acelerada do que em outras cidades onde há registros semelhantes.
A pesquisa
Os pesquisadores acompanharam durante 14 meses (cinco estações climáticas) uma população do inseto presente na Subprefeitura do Butantã, em São Paulo. Mensalmente, foram coletados ovos, larvas e pupas, que foram divididos em cinco grupos - cada um representando uma estação climática. Ao todo, foram estudadas aproximadamente 20 gerações de mosquitos de uma mesma população.
Desde a primeira amostragem até a última, em todas as comparações feitas mês a mês, foram encontradas diferenças estatísticas significativas. Como se estivessem comparando indivíduos de populações diferentes, ou seja, coletados em locais distintos. Essa alta variabilidade genética indica que é uma espécie com muita capacidade de evoluir rapidamente e pode significar que se adapta rapidamente às adversidades, afirmou o coordenador do estudo apoiado pela FAPESP.
Fonte: Boletim de notícias da Agência Fapesp.
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